Há cineastas - que é disso que se trata aqui - que nunca desiludem porque teimam, filme após filme, em brindar-nos com pequenas pérolas da Arte de bem filmar, de bem dirigir atores e de bem contar uma história.
David Cronenberg é um exemplo acabado do que escrevo: continua a contar-nos histórias ímpares e povoadas por personagens singulares e tão próprias de um universo tão seu.
Fê-lo em "Irmãos Inseparáveis", "M. Butterfly" ou em "Crash" apenas para nomear alguns.
E voltou a fazê-lo neste belissimo "Um Método Perigoso" e que se apresenta como um filme de época ao nível de qualquer uma das suas obras primas atrás referidas.
Nele tudo é notável: desde a magistral realização de Cronenberg com planos do melhor que se viu nos últimos anos, à interessante dança argumentativa entre os personagens (Jung, Freud e Sabina) sobre a teoria da psicanálise e a maior ou menor incidência do sexo na sua base e que prende por completo a nossa atenção e sem esquecer a envolvente Banda Sonora de Howard Shore ou as irrepreensíveis Direção Artística ou Fotografia.
Mas, além de Cronenberg, uma estrela brilhou mais forte que as demais e essa foi Keira Knightley.
Com uma performance pungente, de uma intensidade assustadora e num registo quase sempre no limiar da sanidade/loucura, Knightley ganha praticamente todas as cenas em que entra e, sempre que o faz, nós, espetadores não conseguimos tirar os olhos dela de tão envolvente que é - o que é de louvar!
Espero, por conseguinte, que a Academia finalmente reconheça a grande atriz que é ao atribuir-lhe, no mínimo, uma nomeação por esta extraordinária performance.
Justiça seria feita!
A Dangerous Method / Um Método Perigoso
Sem comentários:
Enviar um comentário