"Shame" é muito mais que um filme sobre a "Vergonha" de um instinto incontrolável que domina e consome o livre arbítrio e a autodeterminação.
É, acima de tudo, um filme sobre a solidão daqueles que, incapazes de resistir ao seu mais primitivo instinto sexual permanecem numa constante masturbação estéril porque dele nunca logram obter a satisfação plena que permite a acalmia do espírito... e, nesse sentido, se tornam seus reféns, isolados do mundo e fechados em si mesmos.
O universo de Shame é pois povoado por personagens desprovidos de sentimentos, de emoções [mercê de abusos passados, mercê da propria natureza...] e pleno de vazio, inquietude e, acima de tudo, triste...muito triste.
Porque, no fundo, o seu herói almeja os afetos, simplesmente a sua natureza não o permite...
Com uma performance de Fassbender de uma complexidade monumental - inquestionavelmente a melhor do ano passado - e uma realização notável de McQueen, o sentimento que provoca no espetador não é de "Vergonha" mas sim de tristeza, muita tristeza pela solidão incomensurável do seu protagonista.
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