quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A subversão do registo pela caricatura do personagem

Questão Prévia: o autor é fã confesso da versão cinematográfica da peça de Edward Albee e que permitiu a Elisabeth Taylor e a Richard Burton performances no mínimo notáveis de uma intensidade ímpar e inesquecível - e que levaram à vitória, no caso de Taylor, e à nomeação, no caso de Burton, na edição dos óscares da academia de 1967.

Questão Principal: infelizmente a peça que está em cena no TDMII está longe, muito longe, da qualidade e justiça que merecia. 

E porquê perguntam?

Vamos por partes:
1. Porque a opção da encenadora (Ana Luísa Guimarães)  por um registo mais novelesco e cómico desvirtua e retira intensidade ao brilhante texto de Albee;

2. Porque tem em Virgilio Castelo um dos maiores miscasts da história recente do teatro português e cuja performance mais parece uma caricatura de um qualquer apresentador de um programa televisivo do nível do Preço Certo - e não, não estou a exagerar; o "seu" George é uma anedota unidimensional que, mesmo após inúmeras bebidas tomadas [é suposto ir ficando progressivamente enebriado...!] continua a colocar e projetar a voz como quem passou a noite a beber água...e, infelizmente, não há escapatória para o espetador porquanto se trata do protagonista masculino - penso, inclusivamente, que a razão de não ter gostado da peça se prende quase exclusivamente com a sua má performance;

3. Porque não basta uma performance extraordinária para salvar o todo. 
Falo-vos de Maria Joao Luis em mais uma performance notável, intensa, viciante e credível  como sempre a confirmar-se como uma (a?) das melhores atrizes de teatro da atualidade! Se tudo estivesse ao seu nível o resultado seria surpreendentemente bom! Infelizmente tal não sucedeu.

Em suma, uma má encenação com um péssimo ator protagonista mas que, por sorte e acaso, tem uma extraordinária atriz protagonista.

Sugestão do Autor: caso optem por uma ida ao Teatro sugiro "Design for Living" (de Nöel Coward) em cena no Teatro da Comuna (com Carlos Vieira e João Tempera) e substancialmente superior à acima comentada.

Quem tem medo de Virginia Woolf? TNDMII


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